
14 de Abril de 2025
Reunião do Conselho Consultivo | Abril 2025
No dia 10 de abril, o Conselho da Diáspora Portuguesa realizou a sua primeira reunião do Conselho Consultivo de 2025, no Hotel Pestana Palácio do Freixo, no Porto.
12 de Fevereiro de 2019
Dirige os serviços financeiros da Canon com responsabilidades para todo o continente americano. Com 15 anos de carreira internacional e radicada dos Estados Unidos desde 2006, a Conselheira da Diáspora Ana Tavares partilha a sua experiência com a Executiva.
Radicada em Nova Iorque, Ana Tavares é a atual vice-presidente de Finanças e Contabilidade da Canon para os Estados Unidos e restante continente americano, desde 2013. Com uma carreira internacional especializada na área dos serviços partilhados, tem vindo a liderar projetos de reorganização na Ásia, Europa e Américas.
Licenciada em Contabilidade e Administração Financeira pelo ISCAL (Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa), onde completou depois o mestrado na mesma área, em 2000, tem ainda uma pós-graduação em Comércio Internacional pela Universidade Lusíada. No início de carreira, em Portugal, trabalhou em consultoria financeira para a Pannell Kerr Forster, multinacional na área da contabilidade, entre 1999 e 2003, ano em que foi recrutada pela companhia farmacêutica Bristol Myers Squibb para trabalhar em Inglaterra, liderando a equipa ibérica desta companhia farmacêutica e com responsabilidades na área de Serviços Partilhados para o Reino Unido. Em 2006 é convidada a assumir a direção financeira da empresa, já nos Estados Unidos.
No final de 2009 transitou para Pall Corporation, produtora mundial de sistemas filtragem e de purificação, em Nova Iorque, onde começou por assumir as funções de controller para o hemisfério ocidental, chegando menos de um ano depois o cargo de diretora financeira global da companhia.
Homenageada em 2016, nos Estados Unidos, com o prémio “Milton Zipper Finantial Executive of the Year”, atribuído pelo Institute of Management Accountants, Ana Tavares tem ainda presença ativa em organizações de intercâmbio económico e social, como a Câmara de Comércio Luso-Americana e do Conselho da Diáspora Portuguesa.
Quando terminou a sua formação no ISCAL, quais eram as suas ambições profissionais?
Queria trabalhar em auditoria.
Quando e porque decidiu que queria trabalhar fora de Portugal?
Na altura, a minha actividade profissional incluía apoio a multinacionais em Portugal. Em alguns casos, esse apoio incluía tradução da informação financeira para ‘compliance’ com o sistema português, ou vice-versa; do sistema português para um outro país qualquer. Esta nuance permitiu exposição a sistemas internacionais de apresentação de demonstrações financeiras. A opção de trabalhar fora de Portugal foi revelada neste contexto, estava disposta a avançar se, e quando aparecesse uma oportunidade concreta. A contratação pela Bristol Myers Squibb foi a razão para avançar.
Quais as principais diferenças que sentiu na forma de trabalhar e na cultura corporativa, primeiro no Reino Unido e depois nos Estados Unidos? O que aprendeu de mais importante em cada uma destas culturas?
Existe o lado de cultura corporativa e a influência da cultura do país de origem. Recém chegada a Inglaterra fiquei surpreendida por coisas como o dia começar bem cedo e, em geral, acabar mais cedo; o trabalho ter menos pausas durante o dia; o respeito pela hora de chegada; a formalidade em reuniões, sendo estas bastante estruturadas; a informalidade no tratamento entre colegas; no trato, o uso do primeiro nome, passando-se o mesmo na chefia. A progressão de carreira é clara e definida. Apesar destas e outras diferenças, a maior lição aprendida foi a de que o sistema académico português proporciona uma preparação bem acima da média.
Nos Estados Unidos, a energia é direcionada para uma dedicação vigorosa ao trabalho “work ethic”, e recarregar baterias com a família e a causas comunitárias. Ao contrário de um estado social – como Portugal – nos Estados Unidos a segurança social e a figura jurídica de contrato de trabalho são quase irrelevantes. Maior risco, mas maior flexibilidade. Cabe a cada indivíduo gerir a sua reforma, mais estruturada em fundos privados e menos em segurança social. Contratos de trabalho raramente são utilizados. Na maioria dos casos um colaborador está numa empresa ‘at will’, podendo sair quando quiser e podendo, também, ser “dispensado” a qualquer altura. É comum ter-se cerca de 10 dias úteis de férias. A disposição em assumir este tipo riscos, em sacrificar férias longas, ter uma boa preparação académica, experiência numa determinada área, um desempenho consistente e dedicado, paga dividendos após uns anos.
Quais as suas funções e principais responsabilidades hoje, na Canon?
Tudo o que diz respeito a Tesouraria, Impostos, Consolidação de Contas, Contabilidade e Serviços Partilhados, Sistemas Financeiros. Na maioria destas funções tenho responsabilidades regionais – Américas.
Trabalhou quase 10 anos no setor da biotecnologia antes de mudar para a Canon. Como surgiu esta oportunidade? A mudança de setor foi um desafio?
Mais que um desafio, tem sido enriquecedor. O sector farmacêutico faz um exercício brutal de ‘trade-offs’ no processo de investigação e desenvolvimento. Ou seja, por cerca de 250 princípios ativos descobertos só um vai chegar à fase final de comercialização. E na altura tive a sorte de participar no processo de transformação da Bristol Myers para biofarmacêutica.
A oportunidade da Canon surgiu porque iniciaram um processo de busca por ‘skills’ em áreas específicas, e aí o meu nome estava na short list. Um dia, fui surpreendida com a chamada do recrutador.
Por Executiva, Fevereiro de 2019