Última edição do Caderno Extra do Público – “Os Nossos Melhores Embaixadores: A Nova Vaga de Portugal no Mundo” – 15 Setembro
No âmbito da última edição do caderno extra publicado pelo jornal Público no passado dia 15 de Setembro, partilhamos entrevistas concedidas por alguns dos nossos Conselheiros.
Manuela Veloso (Carnegie Mellon University, EUA)
Se um dia, pelos meandros de um edifício complexo, através de corredores, portas e mudanças de andar pelo elevador, estiver a ser guiado por um robot até ao gabinete que procura, ela, a máquina, (ou ele?) é uma criação de Manuela Veloso. A investigadora é fundadora do laboratório de investigação CORAL na Universidade Carnegie Mellon, EUA. A residir em Pittsburgh há 32 anos, já orientou 34 alunos de doutoramento, a par com a investigação em computação e desenvolvimento de robots – agentes autónomos de computação que colaboram, observam, raciocinam, actuam e aprendem. A cientista portuguesa co-fundou o RoboCup, dedicada ao estudo de equipes de agentes autónomos em ambientes de grande incerteza e com adversários, como o futebol de robots. Mais recentemente, acrescentou à área da inteligência artificial o conceito de “autonomia simbiótica” que traduz: “No fundo é a interacção com os humanos. O robot pede ajuda para carregar no botão do elevador, para colocar um objecto no cesto que transporta, por exemplo.”
Faz parte do programa CMU-Portugal, que fomenta a colaboração entre alunos e professores de instituições de investigação portuguesas, universidades e empresas, de Norte a Sul do país e ilhas, com a Universidade de Carnegie Mellon (CMU).
Em Dezembro, cumpre-se a tradição mas, desta vez, além de rever família e amigos, vai participar no Encontro Anual do Conselho da Diáspora Portuguesa de que é membro há dois anos. “Tem sido uma experiência muito interessante porque me tem permitido conhecer profissionais de outras áreas que estão a fazer um trabalho muito interessante. Por exemplo, nas artes ou na saúde em Nova Iorque”. Manuela Veloso vai integrar o painel dedicado às ciências de computação e robótica. Estará a jogar em casa. Duplamente.
Victor Borges (Hermès, França)
Victor Borges sempre soube o que era estar em movimento e ir bebendo dessa condição todo o saber e experiência. Hoje sente-se um europeu em Paris e a sua vida profissional desenvolve- se na pele de director-geral Seda & Têxtil da marca Hermès, actividade que gera, anualmente, 450 milhões de euros. Sabe do que fala quando assegura que os têxteis portugueses não têm nenhum handicap. “Talvez falte uma certa visão internacional e maior ambição. Para ser competitivo hoje em dia, é preciso ter um mix business equilibrado para evitar o mais possível as ‘dependências territoriais’ de clientes, sectores ou países.
”A experiência anterior, como director criativo e de marketing da Mantero em Itália, à frente de uma equipa de 130 criativos e de marcas como a Chanel, LVMH, Armani e Prada permite-lhe dizer que para aumentar a quota de crescimento nacional no mercado externo é preciso ter maior visão estratégica. “Investir em qualidade e know- -how inovador, associando artesanato e manufactura às novas tecnologias. Para isso, é necessário investir em capital humano e bons profissionais do sector. A associação destes elementos contribui para construir a boa visão estratégica.
Joana Vicente (IFP/Made In NY Media Center, EUA)
Nome: Joanne ou Jo Hanna? Apelido: Vincent ou Vincenti? Na verdade, trata-se de Joana Vicente, a produtora de cinema independente que conta com mais de 40 filmes produzidos com o seu parceiro de produção e marido, Jason Kliot. Radicada nos Estados Unidos há 25 anos, ainda há quem lhe troque o nome. Joana Vicente já foi nomeada para um óscar e arrebatou importantes prémios.
Apesar de trabalhar à margem do cinema de Hollywood gosta de desafiar os realizadores da grande indústria a trabalhar com orçamentos reduzidos. Steven Soderbergh, Brian de Palma e Hal Hartley são só alguns deles.Joana Vicente abraça cada filme como um desafio: “O que me entusiasma é contar histórias e descobrir como usar a tecnologia e a criatividade para inovar na abordagem e no processo, dentro das limitações financeiras.”
Nasceu em Macau. Cresceu entre Lisboa, a Madeira e Moçambique mas é em Nova Iorque que se sente em casa. Só nos últimos anos me aproximei mais de Portugal, através do Conselho da Diáspora Portuguesa, do qual sou membro desde 2014. Tenho participado de forma activa nas várias iniciativas da associação e, naturalmente, também de alguns compatriotas que vivem em Nova Iorque.” Foi na Big Apple que assumiu em 2009 a direcção executiva da maior e mais antiga organização de cineastas independentes, com mais de 10 mil membros no mundo inteiro. “Agora estou à frente da Independent Filmmaker Project, que dá apoio a cineastas e produtores, e publica uma revista de cinema responsável pelos ‘Gotham Awards’.”
Manuel de Miranda (Egon Zehnder, EUA)
Este mês em Nova Iorque, em Novembro, em Lisboa. Dois eventos dedicados à inovação tecnológica. “Território fértil” para Manuel de Miranda, organizador do “Portugal, a Rising Startup Nation And Home To The Next Web Summit”. Na qualidade de membro do CDP, o Conselho da Diáspora Portuguesa, acaba de promover o “Web Summit” de Lisboa em Nova Iorque, atraindo vários CEO participantes e empresas líderes em inovação. “Think big, think global” é o conselho que deixa ao país onde nasceu.
É com optimismo e confiança que olha os executivos portugueses: “Têm os mesmos bons instintos, skills e competências que outros líderes de sucesso de outras partes do mundo, mas necessitam de um sistema bancário que possa apoiar as empresas, disponibilizando mais e novos instrumentos financeiros que permitam ao sector privado investir em novas ideias e, do lado das instituições governamentais, que apoiem as empresas na redução das burocracrias e processos ultrapassados.”
Hoje, na pele de fundador do escritório de Washington D.C. da Egon Zehnder e após desempenhar funções de relevo em empresas no Canadá e vários países europeus, reconhece que Portugal tem talento. “Bem visível na composição da rede dos 87 membros do CDP, Conselho da Diáspora Portuguesa.”
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Por Marinela Malveiro, Público, Setembro 2016