
14 de Abril de 2025
Reunião do Conselho Consultivo | Abril 2025
No dia 10 de abril, o Conselho da Diáspora Portuguesa realizou a sua primeira reunião do Conselho Consultivo de 2025, no Hotel Pestana Palácio do Freixo, no Porto.
28 de Fevereiro de 2020
Um técnico de som que se transformou num dos pesos pesados da indústria da música em Portugal e no Brasil. Paulo Junqueiro é o Presidente da Sony Music Brasil.
É um melómano, que conseguiu fazer da sua paixão a única profissão que exerceu na vida – já lá vão 39 anos. Viu a indústria da música crescer, encolher, cair, inovar e ajudou a renascer. Atravessou diferentes épocas – do tempo das “velhinhas” cassetes até à actual ascensão do streaming.
Iniciou a sua carreira na década de 1980 como engenheiro de som e desde aí que atravessa o Atlântico, entre Portugal e Brasil. Trabalhou como director de Artistas e Reportório (A&R) na Warner Music Brasil., quatro anos depois regressa e fica mais nove anos na EMI Music Portugal, transita de novo para o Brasil como director de Marketing e A&R, passa a co-director-geral da EMI Music&Publishing Brasil, de volta a Portugal durante três anos assume a direcção-geral da Sony Music e em 2015 aceita o convite para a presidência da Sony Music Brasil. Paulo Junqueiro conseguiu, juntamente com a equipa, reerguer a companhia de música no mercado brasileiro – numa altura em que a facturação da indústria fonográfica se encolhia, em termos globais – e hoje é assumidamente líder, com uma quota de 34,2%.
As conquistas têm sido muitas. Produziu o primeiro disco dos Xutos e Pontapés, trabalhou com Rui Veloso, Jorge Palma, Sérgio Godinho, Camané, Mariza. Assim como tem o nome associado a artistas brasileiros como Gilberto Gil, Tom Jobim, Seu Jorge. A lista é infindável. Recebeu dois Grammy de “Best World Music Album” pela produção de “Quanta Live” e de “Quanta gente veio ver”, ambos de Gilberto Gil. Ao todo, detém 44 discos de ouro, 21 discos de platina e 11 discos “multi-platina”.
O QUE DIZ PAULO…
A indústria fonográfica representa um dos casos mais emblemáticos de queda e renascimento após a disrupção digital.
Descreve-se como um engenheiro de som ou um gestor na indústria fonográfica?
Um técnico de som que se transformou num gestor.
O que sonhava ser, em criança?
Actor, pintor músico, arquitecto, espeleólogo…várias coisas dependendo da época.
Quais os melhores momentos da sua carreira?
Os que estou a viver neste momento com o crescimento da indústria da música como um todo e o crescimento da Sony dentro do Brasil. Tive outros momentos inesquecíveis tais como quando os Xutos me chamaram para produzir o primeiro disco que fiz com eles; quando trabalhei com o Gilberto Gil a primeira vez; trabalhar com o Tom Jobim; tive e continuo a ter o privilégio de conhecer pessoas muito talentosas e especiais.
E os piores?
Quando mudei pela primeira vez para o Brasil em 1985 e nada dava certo. Quando voltei para Portugal em 98 para trabalhar na EMI-VC. Quando a EMI foi vendida e fui demitido. Vários…
Como descreve a indústria musical e em que fase se encontra?
Encontra-se na melhor fase dos últimos 20 anos com o crescimento do mercado global, com o desaparecimento do físico e o advento do digital, com a diversidade de géneros, com a portabilidade da música. Acho que nunca vivi um momento tão rico e promissor. De 2001 a 2014, a facturação de sector no mundo encolheu 40%, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica. De lá para cá, as vendas voltaram a crescer com a ascensão dos serviços de streaming.
Quais têm sido os argumentos da Sony Music Brasil?
Ter os melhores artistas, a melhor música e a melhor equipa – simples assim. O resto vem depois.
Qual o concerto que mais o marcou e por que razão?
The Clash em Cascais Sandinista Tour (não me lembro do ano…talvez 80, 81). A razão é óbvia – são os The Clash!
Que música nunca deixa ouvir?
Remar, remar – Xutos e Pontapés.
Se escolhesse a sua música, qual seria?
Summertime in England – Van Morrison.
A sua vida tem uma banda sonora? Fado ou samba?
Nenhum dos dois. Soul Music.
Que música lhe vem à cabeça quando pensa em Portugal?
Povo que lavas no rio.
E no Brasil?
Aquele Abraço – Gilberto Gil.
Rádio, cartucho, disco, CD?
Streaming!
O que sobra de Portugal em si?
A luz de Lisboa, a cereja do Fundão, o queijo da serra, a nostalgia do fado, a paixão pelo mar e pelo desconhecido…
Qual o seu papel enquanto Conselheiro da Diáspora Portuguesa?
Ter muito orgulho de ser português em qualquer lugar que vá e sentir a responsabilidade de carregar o nome do meu País sempre comigo.
Por Executive Digest, Fevereiro de 2020