Parceria para Investigação e Inovação na Região do Mediterrâneo. A escassez de água e a alimentação são os principais alvos desta iniciativa que conta com mais de 400 milhões de euros.
Mais de 180 milhões de pessoas que vivem na zona do Mediterrâneo têm um acesso escasso à água, o que provoca problemas de saúde e obriga as populações a migrarem. Para tentar resolver estes problemas, até porque a União Europeia atravessa uma crise migração de pessoas que chegam ao seu espaço, a Comissão Europeia propôs uma cooperação científica entre vários países do Mediterrâneo, incluindo Portugal.
A Parceria para Investigação e Inovação na Região do Mediterrâneo (PRIMA) foi lançada na conferência ministerial dedicada à cooperação Europa-Mediterrâneo sobre investigação e inovação, que decorreu em La Valletta, Malta e conta com 14 países: Chipre, República Checa, Egipto, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Líbano, Luxemburgo, Malta, Marrocos, Tunísia e Portugal, e a Alemanha também mostrou interesse em participar.
A proposta para este programa de investigação e inovação centrado no desenvolvimento e aplicação de soluções para os recursos hídricos e alimentares no Mediterrâneo já foi apresentada no Conselho Europeu e no Parlamento Europeu e vai ser ainda submetida a votação em Julho no Parlamento Europeu.
O início da parceria está previsto para 2018 e deverá prologar-se por dez anos. A PRIMA vai ter 220 milhões de euros do actual do programa Horizonte 2020, um programa destinado à investigação científica e desenvolvimento. No total, com a participação dos países no financiamento, a PRIMA contará com mais de 400 milhões de euros. E tem três pilares: a gestão sustentável da água em áreas áridas e semiáridas do Mediterrâneo; os sistemas agrícolas sustentáveis; e a cadeia de valor alimentar no desenvolvimento regional e local no Mediterrâneo.
A parceria já foi apresentada em Portugal, na Jornada de Investigação e Inovação do Alentejo, repartida por Beja e Évora, no final de Abril, em que participaram o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor; o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos; o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas; e o presidente da assembleia geral da PRIMA, Angelo Riccabon.
“Nos anos mais recentes, tem havido inovação e investigação, mas precisávamos de uma integração, de uma cooperação muito maior”, dizia Angelo Riccabon na sua apresentação. Carlos Moedas também destacou aos jornalistas algumas das componentes da parceria, durante aquela jornada no Alentejo, que integrou o 4.º Roteiro da Ciência do comissário europeu: “Podemos perceber como é que vamos alimentar um planeta que está a aumentar de população, ou como vamos poder criar novas técnicas de produção”, exemplificou. Quanto à investigação dos recursos hídricos, também deu como exemplo a dessalinização: “Isso já se faz há cerca de 20 anos, mas em pequena escala. Como é que passamos de uma pequena para uma grande escala?”, salienta. “Vamos também investir muito na reutilização da água. Hoje em dia, desperdiçamos muita água. Poderemos reutilizar a água de menor qualidade para outras actividades que não seja apenas beber.”
Por Público, Maio 2017