Em rescaldo da conferência “Innovation Meets Cybersecurity”, o diretor-geral da Cotec faz o balanço: “Os custos da segurança estão a subir e isso é insustentável.”
O Conselho da Diáspora Portuguesa, a Cotec Portugal, o Centro Nacional de Cibersegurança e a Universidade de Maryland Baltimore County co-organizaram a conferência “Innovation Meets Cybersecurity: the public-private cooperation challenge”, que ocorreu no passado dia 8 de novembro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Em jeito de balanço, Jorge Portugal, Conselheiro e director-geral da Cotec, evidenciou em entrevista ao ECO que os objectivos da conferência foram cumpridos. Em cima da mesa, duas questões centrais: “Como construir o business case para a cibersegurança? E qual a importância da cooperação público-privada e como aumentar essa cooperação?”, explicou. “Na nossa perspectiva, foram plenamente respondidas pela qualidade das intervenções, pela qualidade do debate e pela clareza com que certas mensagens foram passadas”, concluiu.
“O futuro é digital. É cada vez mais digital e, por isso, é preciso, no desenvolvimento deste processo de transformação para negócios mais digitais, que a segurança esteja incorporada”, explicou Jorge Portugal, no final do evento, que contou com a presença de nomes de peso nesta área, como Suzanne Spaulding, ex-subsecretária do Departamento de Segurança Interna dos EUA, ou Donna Dodson, considerada este ano uma das mulheres de topo na área da cibersegurança pela CyberScoop. Outra das certezas para Jorge Portugal é a de que “não é possível viver num mundo sem risco”. “O que é preciso é, exatamente, gerir esse risco e saber qual é o risco admissível para o benefício que vamos ter do ponto de vista de uma infraestrutura de conectividade mais digital”, sublinhou. E continuou: “Há medidas muito simples, a nível da cultura e das práticas diárias das pessoas, que podem evitar muito do risco das empresas. Estou a falar de phishing e proteção de passwords.”
A transformação digital, que está cada vez mais acelerada, tem obrigado muitas empresas a pensarem em novos modelos de negócio. No entanto, numa sociedade globalizada e com crescente conectividade, o risco de um ciberataque é uma realidade com a qual têm de lidar. A seguradora Hiscox Insurance estima que, em 2016, os ataques informáticos tenham custado 450 mil milhões de dólares à economia global. “É evidente que os custos da segurança estão a subir e esse caminho, por si só, é insustentável. É preciso que as empresas percebam que a segurança tem de começar na própria inovação, na própria construção da transformação digital que, por força de manterem a competitividade, de aumentarem a eficiência, da necessidade de criarem novas possibilidades para servirem melhor nos mercados onde estão, vão ter de incorporar”, referiu Jorge Portugal.
Por ECO, Novembro 2017