Conselho da Diáspora trouxe o tema do financiamento islâmico para discussão em Portugal. “É um financiamento alternativo a preços extremamente competitivos”.
Conselho da Diáspora trouxe o tema do financiamento islâmico para discussão em Portugal. Filipe de Botton, que preside ao Conselho da Diáspora, trouxe a Portugal especialistas para exporem e debaterem a questão dos fundos islâmicos como alternativa de financiamento para Portugal.
Porque é que o Conselho da Diáspora resolveu organizar esta conferência?
Uma das missões do Conselho da Diáspora é divulgar e trazer ideias novas a Portugal. Percebemos que o tema dos fundos ou financiamentos islâmicos era muito pouco conhecido em Portugal e achámos que havia aqui uma oportunidade extremamente importante para as grandes empresas portuguesas, para o Governo e para Portugal como um todo de começar a entender o que são os fundos islâmicos, os “sukuk” e tudo o que gira em torno disso. Essa é a função do Conselho da Diáspora trazer ao conhecimento ideias novas e tentar promover em Portugal formas diferentes das empresas se poderem também financiar.
Como funciona, em termos gerais, este financiamento diferente do tradicional?
Basicamente, os financiamentos ao abrigo da Lei Islâmica permitem financiar tudo o que tenha uma correlação com activos transacionáveis ou não transacionáveis. Sendo que existe um custo que está incutido no financiamento, que tem uma duração entre cinco e dez anos. São financiamentos que têm de ser iniciados pelo Estado ou pelas grandes empresas. Estamos a falar de financiamentos com valores mínimos de 200 milhões de euros. Através de uma compra de activos que é feita com fundos islâmicos é possível recapitalizar a empresa portuguesa que terá, ao fim dos cinco ou dez anos, de recomprar esses activos. Durante esse período deve conseguir recapitalizar-se cedendo activos ao abrigo do financiamento da Lei Islâmica.
Que empresas portuguesas poderão estar interessadas neste tipo de financiamento?
Claramente, empresas como a EDP, a PT, a REN, a Galp, grandes empresas de construção civil, etc. Empresas que têm grandes activos, que podem vender nessa operação, e conseguir com essa operação recapitalizar-se ou encontrarem um financiamento por períodos relativamente alargados a custos extremamente competivivos. Porque existe neste momento uma enorme liquidez nos mercado islâmicos, liquidez com fundos disponíveis, que é o que nos falta em Portugal. Portanto é um mercado que faz todo o sentido ser explorado. Coincidência ou não, este tema e esta conferência vêm na sequência da visita que o Presidente da República fez, a semana passada, a dois países do Médio Oriente onde essas questões certamente também foram discutidas.
Por Diário Económico, Carla Castro, 02 Dezembro 2014