“O sucesso alcança-se mas tem de ser perseguido e trabalhado todos os dias e durante 24h. Nada acontece por acaso e sem esforço.”, Filipe de Botton em entrevista à revista Bow (AEP).
“Portugal Business on the Way” – edição nº 5 BOW (AEP)
O Instituto nacional de Estatísticas (INE) anunciou que a economia portuguesa cresceu 2,8% no primeiro trimestre do ano. Acha que este crescimento resulta da estabilidade que há cerca de um ano o Dr. Filipe de Botton defendia ser obrigação da parte do governo? Claro que a confiança e uma certa estabilidade que os empresários possam sentir ajuda e é indispensável. Mas acreditamos que este resultado é a consequência de um esforço extraordinário que as empresas fizeram ao longo dos últimos 4 a 5 anos para se adaptarem à nova realidade que exigiu procurar mercados alternativos ao Português . Se somarmos a esta situação os factores Internacionais exógenos que fizeram explodir o Turismo em Portugal para além de um enquadramento fiscal altamente favorável à instalação de Estrangeiros em Portugal temos um bom conjunto de razões que explicam grande parte deste resultado . Destacaria também o comportamento muito favorável da generalidade dos sectores exportadores, com especial destaque para a indústria transformadora e o aumento do investimento privado (acompanhado pelo apoio dos bancos à economia real)
Segundo o INE, esse crescimento deve-se sobretudo ao aumento de 9,7% das vendas ao exterior de bens e serviços, o mais forte desde final de 2013. Ou seja, o peso das exportações no Produto Interno Bruto (PIB) subiu para 43,2% no primeiro trimestre, o maior valor de que há registo (desde 1995). Como encara estes resultados? De forma extremamente positiva e corolário do exposto anteriormente . Acreditamos estar perante novos paradigmas estruturais que irão fortalecer o crescimento do peso das exportações no nosso PIB .
Os principais mercados de exportação de Portugal continuam a ser Espanha, França, Alemanha e Reino Unido, mas Angola, EUA e Marrocos destacam-se pela positiva (as exportações fora da União Europeia representam quase um terço do total). Como encara estes resultados e que outros mercados podem ser alvo da aposta de Portugal? Cada mercado terá as suas potencialidades em função dos produtos e especificidades de cada empresa . Não é o Estado que deve se substituir à definição das estratégias geográficas das empresas mas sim cada uma destas – sozinha ou de forma coordenada e associada a outras empresas Portuguesas com as quais possa ter sinergias – a definir os seus mercados de expansão internacionais.
Os têxteis, as máquinas e aparelhos e os combustíveis e minerais lideram as categorias de produtos exportados. Em que outros produtos/serviços pode Portugal apostar para reforçar as suas exportações? Em todos os produtos Portugal pode , e tem , vantagens competitivas . Mais uma vez depende principalmente da capacidade de gestão das empresas , dos seus líderes , da sua capacidade de inovar e de ousar , da ambição para continuar a expandir a atividade e gerar crescimento. Há um sem número de empresas , nomeadamente PMEs , que se tem afirmado nos mercados internacionais mais diversos em sectores como os de IT , agro , mas também nos têxteis demonstrando uma invulgar capacidade de se reinventarem.
O investimento total, que cresceu 5,5% no 1. ° trimestre, face ao período homólogo, reforçando assim a inversão de tendência recente e atingindo a expansão mais alta desde 2005, também pesou no crescimento do PIB português. Como empresário, como vê este resultado? Vejo o sector privado a investir mercê de uma correcta estratégia de crescimento com sucesso e o Estado , por estratégia de acerto de contas públicas , a se abstrair totalmente do mercado com graves consequências a médio prazo.
Também nesta área, e segundo um estudo da EY, Portugal registou, em 2016, um novo feito ao alcançar o maior investimento direto estrangeiro dos últimos 20 anos, concretamente 59. Alemanha e Espanha foram os principais investidores, com 14 e 10 investimentos respetivamente, enquanto a França liderou a criação de emprego, com 900 novos postos de trabalho e foi o quarto em número de projetos. A estratégia seguida até agora para captação de investimento é a correcta? Portugal “virou moda” e este efeito acabou por se reflectir e ajudar em termos de IDE . Portugal é vencedor quando está em competição para atrair “nearshoring” , e por factores objectivos que não de moda ,Portugal é hoje um País de que se fala pelas boas razões : segurança , capacidade técnica , bons recursos de RH com excelente formação , que se falam línguas , que é próximo , onde temos uma excelente rede de comunicação e infraestruturas de forma geral , para onde é fácil atrair altos quadros para residir,….. Ou seja um País onde apetece viver e investir ! Portugal é hoje claramente um “asset” e não mais uma “liability” !!
O mesmo estudo destaca o otimismo de 62% dos investidores estrangeiros quanto ao futuro de Portugal e a vontade de 32% dos investidores de aumentarem a sua aposta no nosso país durante o próximo ano. Identifica mérito do trabalho do Conselho da Diáspora Portuguesa nestes resultados? O Conselho da Diáspora Portuguesa é mais um instrumento que , em articulação com o seu Presidente Honorário Sua Excelência O Presidente da República e com o seu Vice Presidente Honorário O Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros , trabalha na promoção da imagem e do branding de Portugal bem como na aproximação dos Portugueses de fora com os de dentro e vice versa . Temos ao longo dos mais de 3 anos de actividade do Conselho conseguido trabalhar de forma activa , e com resultados concretos , em promover o investimento estrangeiro em Portugal mas também em discutir e implementar novas ideias em área como o financiamento à Economia, a Prevenção na Saúde, a capacidade de levar o I&D na biotecnologia ao mercado, e já este ano a cibersegurança.
De que modo tem o Dr. Filipe de Botton e os 94 membros notáveis que integram o Conselho da Diáspora Portuguesa (24 países, em cinco continentes) têm promovido a imagem internacional de Portugal e criado condições para que o país se torne um mercado cada vez mais atrativo ao investimento estrangeiro? Como afirma frequentemente o nosso Presidente e Vice Presidente honorário, os nossos Conselheiros são embaixadores informais do país. Esse trabalho é desenvolvido através de contatos nas suas esferas de influência pessoal, bem como com actividades mais estruturadas como o “Introducing Portugal”, dirigidas nas várias sociedades de acolhimento em que residem os nossos Conselheiros para promover acções de divulgação de Portugal – sempre em concertação com as estruturas Diplomáticas dessas cidades , trazendo a Portugal potenciais investidores das mais variadas áreas : económicas , nas artes ou na ciência , através do desenvolvimento e promoção de novos instrumentos de financiamento para as empresas Portuguesas. Ou seja, através de várias iniciativas que ajudem a por Portugal no mapa e sobretudo com acções concretas que façam valorizar o nosso País e os portugueses.
Portugal está no radar dos investidores. A estabilidade do clima social, o potencial de aumento de produtividade e os custos laborais são os fatores mais atrativos pelos investidores estrangeiros. Já entre os factores menos atrativos estão a tributação às empresas, a estabilidade e transparência do ambiente politico, jurídico, regulamentar e a flexibilidade da legislação laboral. Concorda? O que seria preciso mudar? Acreditamos que a estabilidade que Portugal tem demonstrado – contra todas as expectativas – seja uma prova da maturidade que as nossa classe Política tem de demonstrar pondo o interesse do nosso País à frente dos seus interesses pessoais ou partidários , obrigado em nome de Portugal! Todos os pontos mencionados são importantes mas sem estabilidade e sobretudo previsibilidade nada pode acontecer.
“Can’t Skip Portugal” é a assinatura da nova campanha de promoção de Portugal em 20 países. Concorda com esta ideia de que já não é possível ignorar o nosso país, um “país autêntico”? Sobretudo não devemos embandeirar em arco e “achar que já está” porque não está ! O sucesso alcança-se mas tem de ser perseguido e trabalhado todos os dias e durante as 24h do dia , nada acontece por acaso e sem esforço.
O principal instrumento de intervenção do Conselho da Diáspora Portuguesa é a World Portuguese Network que envolve um conjunto alargado de portugueses de influência em quatro áreas: Economia, Ciências, Cultura e Cidadania. Que balanço faz em quatro anos de atividade? Extremamente positivo , quer pelo empenho e apoio constante dos Conselheiros de Portugal do Conselho da Diáspora , quer pelas acções e inciativas com resultados concretos que conseguimos atingir ao longo destes 4 anos , mas sobretudo o apoio inequívoco dos dois Orgãos de Soberania – nosso Presidente e Vice-Presidente Honorários – nos tem demonstrado ao longo deste percurso e que nos têm ajudado a que o Conselho seja uma realidade e a sua acção possa ter impacto no desenvolvimento do país.
Salvador Sobral, um músico ainda muito jovem, protagonizou o feito de chamar à atenção do mundo para a música portuguesa, com uma votação muito expressiva em toda a Europa. Será este um sinal de que Portugal tem potencial de exportação nas suas indústria criativas? O Conselho da Diáspora dedicou há dois anos um encontro a debater precisamente o tema das condições de crescimento e exportação da indústria do audiovisual. Portugal é e tem de ser um somatório de todos os que dele fazem parte – os 10 Milhões que vivem por cá e os mais de 5 milhões espalhados pelo Mundo e que formam a nossa Diáspora – e que tem todos sem excepção ajudado à afirmação de Portugal como um País para onde se deve “olhar” , que se deve visitar , onde se deve investir , para onde se deve vir viver , para onde se vem estudar e investigar , ou seja um País que vale a pena!
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Por Conselho da Diáspora, Setembro 2017