14 de Janeiro de 2020

Imprensa espanhola elogia a “prodigiosa” década de Portugal

Do resgate ao excedente; do abandono do centro histórico de Lisboa à sua explosão turística. Imprensa ‘vizinha’ fala da década do “pequeno país na periferia europeia”, que durante uma década prodigiosa aumentou o seu prestígio para o exterior.

Os últimos dez anos de Portugal merecem elogios por parte da imprensa espanhola, em particular no jornal “Expansión”, que classifica como “prodigiosa” a última década nacional.

“Do resgate ao excedente; do abandono do centro histórico de Lisboa à sua explosão turística; do levantamento das dúvidas sobre o seu governo anti-austeridade para a liderança de Mário Centeno no Eurogrupo”, refere o artigo.

O artigo que fala naquele “pequeno país na periferia europeia que durante uma década prodigiosa aumentou o seu prestígio para o exterior”. “O que aconteceu em Portugal?”, é a pergunta colocada nos últimos anos.

Do resgate ao excedente
O primeiro ponto de destaque do artigo é o resgate de Portugal em 2011 para antecipar o primeiro excedente da história democrática até 2020. “Para chegar aqui, atravessou um caminho que incluiu três anos de um severo programa de austeridade da troika, vários ciclos económicos em recessão. Um retorno épico impulsionado pelo turismo”.

O ano de 2015 é visto como um ‘ponto-chave’ dado que “nesse ano, o país passou por eleições que provocaram um terramoto político com a chegada do socialista António Costa”. O novo primeiro ministro não venceu as legislativas, mas “garantiu uma aliança no Parlamento com o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda, que lhe deram uma maioria”.

“Bruxelas passou a estar atenta para o autor das contas portuguesas, um então desconhecido Mário Centeno, que logo mostrou sua predileção por limitar gastos, o que tranquilizou autoridades e investidores europeus”, indica o artigo do “Expansión”.

Em declarações ao jornal espanhol, Pedro Goulart, professor de Economia da Universidade de Lisboa, concorda que “o principal aspeto do milagre português era que as pessoas acreditassem no país novamente”. “No auge da crise, em 2013, no auge do desemprego (aquele ano chegou a 18%), acreditar era muito complicado. Eu tive uma aula na qual pelo menos metade me disse que queria sair.” onde? ‘, perguntei a eles, e eles responderam:’ Eu não quero saber, quero sair ‘, lembra.

Foram os anos em que meio milhão de pessoas saíram de Portugal “um golpe para um país de dez milhões de pessoas, que também envelhece:estima-se que em 2050 os idosos representem 40% de toda a sua população”.

Uma melhoria na imagem internacional de Portugal, foi reforçada por um aumento “espetacular” do turismo, que já responde a cerca de 15% do PIB – ao se elevar como um destino alternativo ao norte da África, depois com problemas de segurança.

“Sem o turismo, essa saída (da crise) e a criação de empregos não teriam sido possíveis”, admite Goulart. O grande número de visitantes deu a Portugal uma nova imagem internacional e cosmopolita, que contrasta “com as cicatrizes da crise que os portugueses veem no seu dia-a-dia, marcadas por baixos salários, a ameaça da bolha imobiliária e a altos tempos de espera na saúde pública”, conclui o artigo.

Por Jornal Económico, Janeiro de 2020